REFLEXÕES PE.BERALDO
“Um é o que planta, outro o que rega, mas é sempre Deus que dá o crescimento” (I Cor 3,6)
“Um é o que planta, outro o que rega, mas é sempre Deus que dá o crescimento” (I Cor 3,6)
“Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto. Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante. Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante". (Lc 10, 30-32)
Para concluir nossa reflexão sobre a parábola do bom samaritano – que começamos pelo fim – devemos deter-nos um pouco nas personagens que, antes dele, já haviam passado pelo homem ferido e largado na estrada, e na atitude do chamado “doutor da lei” que, constrangido diante da constatação de que o que estava escrito na lei era muito claro, arrisca-se a pedir um esclarecimento: “E quem é o meu próximo?”
As referências bíblicas acerca dos levitas identificam-nos como alguém “encarregado dos dons voluntários feitos a Deus, da distribuição das oferendas feitas ao Senhor e das coisas consagradas” (II Crônicas, 31, 14). Igualmente dignos de grande consideração eram os sacerdotes como se depreende da descrição de Aarão, irmão de Moisés: "Revestirás Aarão com os ornamentos sagrados; tu o ungirás e o consagrarás e ele será sacerdote a meu serviço.” (Êxodo 40, 13). Poderiam ser, hoje, não apenas os ministros ordenados do altar, mas todos os que desempenham algum “serviço a Deus”, o que inclui muitos leigos. Ontem e hoje podem encaixar-se no mesmo conceito de pessoas muito próximas a Deus. Ontem e hoje podem passar pelas vítimas dos salteadores e ignorá-las.
Se essa pergunta nos surpreende porque parte de um “doutor da lei” que devia saber de cor sua resposta, não nos esqueçamos de que, ontem e hoje, o número de pessoas que considera “seu próximo” apenas os da sua comunidade, da sua “religião”, da sua Igreja é lamentavelmente grande... A pedagogia perfeita de Jesus o leva a responder com outra pergunta, para que o doutor da lei tivesse a chance de superar o próprio constrangimento, confirmando que o próximo da vítima dos malfeitores era o que tinha sido misericordioso com ela. Ao recomendar-lhe que fizesse a mesma coisa, o Mestre transformou o samaritano no protótipo das “ovelhas que ficarão à direita no último dia”, pois é o bom samaritano que socorre com comida o que tem fome, com água o que tem sede, com roupa o que tem frio, além de acolher o peregrino e visitar o enfermo e o encarcerado...
a) Ao servir ao Senhor, através de qualquer atividade comunitária,
queremos nos destacar ou nos tornar ainda mais sensíveis às necessidades do próximo?
b) Entendemos o próximo como “os do nosso grupo”, ou como os que mais necessitam
de nós?
c) Com qual das personagens descritas na parábola nos identificamos?
A indicação de Pe. Beraldo para seu último texto das “Sementes” era falar “dos que passaram
antes do bom samaritano”. Acredito que, depois de tantas décadas de contínua colaboração,
posso me atrever a expressar através das palavras que acabo de encontrar, as ideias que ele
provavelmente teria.
Maria Elisa Zanelatto
Queridos irmãos, queridas irmãs,
Ao escrever a Carta Mensal deste mês de setembro, expliquei a todos os queridos leitores e leitoras, que há tantos anos me acompanham e com os quais desenvolvi um relacionamento à distância verdadeiramente fraterno, que essa seria a última da série.
Não foram poucos os que, ao mesmo tempo que agradeciam o que consideravam um longo e perseverante trabalho de Evangelização, lamentavam minha decisão de interromper meus escritos mensais.
Na verdade, conforme busquei esclarecer, tratava-se de interromper a série das Cartas Mensais por razões várias. Não pensava, porém, em deixar de compartilhar com todos os que sentem, neste mundo tão complicado em que vivemos, a necessidade constante de refletir sobre a Palavra de Deus, norte que orienta, bálsamo que consola, luz que ilumina, fogo de entusiasmo que nos impulsiona a ir sempre adiante na interminável tarefa de contribuir para que o Plano de Deus sobre a humanidade e o mundo se torne realidade.
Assim, depois de invocar a assistência do Divino Espírito Santo, fui buscar nos santos Evangelhos uma inspiração para esta nova série. A parábola do semeador contada por Jesus e reproduzida pelo Evangelista Lucas, pareceu-me mais do que oportuna para anunciar o Reino de Deus nos tempos atuais.
Decidi, então, prosseguir nesse trabalho que sempre me motivou: semear com seriedade e amor, mesmo considerando que o terrenos onde caem as sementes nem sempre são receptivos, férteis, capazes de produzir frutos.
Começarei essa nova série com reflexões sobre essa significativa parábola, dividindo-as precisamente entre os vários tipos de terrenos… Continuarei, depois, com outras, pois um é o que planta, outro o que rega, mas é sempre Deus que dá o crescimento (cfr. ICor 3,6).
Esperando continuar a contar com a valiosa colaboração do interesse de meus leitores e leitoras, peço-lhe que aguardem, para muito breve, o início da nova série.
Pe. José Gilberto Beraldo
10 de setembro de 2021